quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ney e Cazuza

“Vi Cazuza pela primeira vez na praia. Pouco depois, ele apareceu na minha casa com uma amiga em comum. Era um apartamento de três andares e ela subia para conversar comigo no quarto. Ficamos ali tomando Mandrix. Quando resolvi acender um baseado, ela perguntou se podia chamar o Cazuza. Eu nem sabia que ele estava em casa! Então ele subiu, conversamos e depois disso vivemos uma história durante meses. Foi um grande amor mesmo. Ele era encantador e apaixonante e, nessa fase, o extremo oposto do que o Brasil conheceu depois. Não tinha absolutamente nenhuma agressividade, era um anjo caído do céu. E eu fiquei apaixonado de perder a direção. Passamos um fim de semana na casa de campo da família e, em seguida, Cazuza viajou para a Suíça. Quando voltou, comecei a perceber que ele estava com muito medo. Achava que eu queria prendê-lo dentro de casa. Imagine!!! Na verdade, acho que ele tinha muito medo do rumo que a nossa história estava tomando e de que o relacionamento poderia exigir mais dedicação, mais compromisso. De repente, ele desapareceu por alguns dias e, quando voltou, apareceu em companhia de uma figura estranha. Não gostei daquilo e tivemos uma discussão. Cazuza cuspiu em mim e o expulsei. Mas ficou para sempre uma relação muito bonita entre nós, para o resto da vida”.

Depoimento de Ney Matogrosso ao livro “Cazuza: Só as mães são felizes” de Lucinha Araújo.